Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso e Fausto Macedo
O
ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) - condenado no mensalão e preso
pela Operação Lava Jato - afirmou à CPI da Petrobrás que foi o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que colocou Paulo Roberto Costa
na Diretoria de Abastecimento.
Ouvido
em Curitiba por parlamentares da CPI, o ex-presidente do PP afirmou que
"só não prenderam Lula porque ninguém tem coragem".
"O
diretor de Abastecimento da Petrobrás, que se eu não me engano a memória
era um tal de Manso, ele se atritou com a diretoria e o presidente Lula
convidou o Paulo Roberto Costa para ser diretor de Abastecimento",
afirmou Corrêa, ao comentar a nomeação do delator ao cargo, em 2004.
"Isso era a notícia que chegou para mim."
Em suas
delações premiadas, Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef -
que operavam o esquema de propina na estatal pelo PP - afirmaram que a
indicação do ex-diretor foi do PP. Disseram ainda que foi uma indicação
problemática, alvo de muitas negociações.
Pedro
Corrêa é acusado de receber R$ 5 milhões do esquema de corrupção e
propina na Petrobrás, por intermédio do ex-diretor de Abastecimento e do
doleiro Alberto Youssef, peças centrais das investigações.
Inicialmente,
ele afirmou aos deputados da CPI que usaria o direito de ficar calado,
mas acabou respondendo às questões.Negou recebimento de propina de
Youssef e contatos com as empreiteiras do cartel - com exceção da
Queiroz Galvão.
Os
deputados da CPI encerraram os depoimentos de 13 alvos da Lava Jato
presos em Curitiba - sede da grande investigação. Além de Corrêa, foram
ouvidos o ex-deputado Luiz Argolo (SD-BA), que é acusado de ter se
associado a Youssef, e André Vargas (ex-PT).
Corrêa negou que tivesse recebido dinheiro do esquema e argumentou que deixou de ter cargo parlamentar em 2006.
Advertido
pelos parlamentares que mesmo depois ele manteve sua influência, o
ex-parlamentar desafiou os membros da CPI a apontarem um caso de
político que continuou poderoso, sem mandato.
"Lula é político sem mandato, Fernando Henrique é político sem mandato", retrucaram os deputados.
"Qual
é a influência hoje dele (Lula), se querem botar ele na cadeia? Agora
ninguém tem coragem de botar ele na cadeia. Porque eu tenho certeza que
aí sim vai existir o que aconteceu na época do Getúlio (Vargas,
ex-presidente) quando ele deu um tiro no peito e o povo saiu para rua
com paus, panelas para quebrar tudo", retrucou Corrêa.
"Nunca recebi dinheiro ilegal do senhor Youssef", afirmou o ex-deputado.
Novamente perguntado pelos parlamentares da CPI sobre se achava que
Lula seria preso, Corrêa voltou a falar no assunto.
"Eu, se tivesse uma bolinha de cristal, certamente não estaria aqui. Mas
eu acho, na minha avaliação pessoal de um camarada que está fora da
política desde 2006, que a prisão dele (Lula) seria uma catástrofe para
esse País."
Ex-deputado por Pernambuco, pai de políticos, Corrêa disse que no Nordeste a prisão de Lula enfrentaria resistência.
"Pelo que conheço da minha região do Nordeste, e pelo que andei nas
casas daquele povo pobre, a gente quando chega lá encontra um retrato do
padrinho Padre Cícero, junto com o de Lula e de Miguel Arraes
(ex-governador morto de Pernambuco). É um discurso da gente enfrentar,
colocar o rico contra o pobre é uma coisa difícil de se enfrentar."
O ex-presidente, por meio de sua assessoria, não quis comentar o caso.
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